Brasil tem domingo marcado por atos pela democracia e contra bandeiras neofascistas

Bolsonaro participa da manifestações antidemocráticas, mas não fala nada sobre casos e mortes por Covid-19 que só aumentam no país. Movimento somos 70% cresce na rede e novos protestos são marcados

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O domingo (31) foi marcado por protestos em pelo menos cinco cidades brasileiras, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Porto Alegre, apesar da pandemia do novo coronavírus e com o país se tornando o epicentro da contaminação pela Covid-19, com quase 30 mil mortes pela doença.

O que levou a maioria das pessoas a protestar nas ruas foi o avanço da pauta fascista e antidemocrática dos seguidores do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), que querem o fechamento do Congresso Nacional e até do Supremo Tribunal Federal (STF). Em grupos menores, os defensores da pauta de Bolsonaro levaram suas bandeiras fascistas e provocaram confrontos pelo menos em São Paulo e no Rio.

Na capital paulista, de um lado da Avenida Paulista, a defesa da democracia e do outro lado manifestantes com bandeiras neofascistas. O tratamento desigual dado pela Polícia Militar, que protegeu os apoiadores de Bolsonaro e dispersou o grupo que defendia a democracia com bombas de efeito moral, gerou polêmica e foi criticado por defensores dos direitos humanos e advogados. Muitos desistiram e voltaram para casa embaixo de uma chuva de bombas e gás lacrimogênio. Do outro lado,  os fascistas ganharam até abraço dos policiais, mesmo portando arma branca.

Torcedores do Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo, além de outros grupos, de forma pacifica, com máscaras, vestidos de preto e segurando bandeiras em defesa da vida, da democracia e antifascista, ocuparam o vão livre do Masp, na Av.Paulista, caminhavam pela avenida gritando coias como “democracia” e “ô, ô, ô, ditadura acabou”.

Separados inicialmente por um cordão policial, na mesma avenida, em frente a Fiesp, um grupo bem menor em defesa de Bolsonaro estava com bandeiras em defesa da intervenção militar, exibindo símbolos neofascistas e criticavam o Congresso e o STF.

“As bandeiras que vimos neste domingo são totalmente opostas. Enquanto uns se colocam como neofascistas, que é uma minoria que segue o “líder” para instaurar regime autoritário, repressivo aos que pensam diferente. Outros saíram às ruas para defender a democracia, no qual o poder emana do povo e é a vontade da maioria, que hoje é 70% contra o Bolsonaro”, explica o professor de história e ex-dirigente da CUT, Júlio Turra.

Outras manifestações estão sendo convocadas para o próximo domingo (7).

Confronto

As bandeiras opostas podem ter sido os motivos da confusão entre os grupos, duas horas depois do começo dos protestos.

Segundo a fotojornalista Thaís Haliski, em entrevista a UOL, membros do grupo bolsonarista começaram a andar várias vezes até o MASP para provocar e xingar de vagabundos e de outras coisas aqueles que participavam do outro ato. Ela testemunhou a poucos metros o começo da briga e a violência da Polícia Militar para um dos lados, que inclusive quase a machucou.

Uma mulher de máscara da bandeira americana e com um taco de beisebol na mão no qual se lia “rivotril” inflamou mais ainda a confusão, segundo, o jornalista Fernando Tadeu Moraes, editorialista da Folha, narrou para uma matéria do jornal.

De folga, ele passou pelo local no momento da confusão e disse que policiais cercaram a mulher e começaram a conduzi-la abraçada para o outro lado. Embora mantendo certa distância, um grupo de torcedores começou a ir na mesma direção o que fez a polícia reagir imediatamente com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha o que fez dispersar a manifestação.

Protestos e confronto também aconteceram no RJ

Logo pela manhã do domingo, no Rio de Janeiro, grupos pró e contra Bolsonaro ficaram frente a frente na praia de Copacabana. Os bolsonaristas criticavam o STF e o Congresso e pediam o impeachment do governador Wilson Witzel (PSC).

O outro grupo, que se apresentava como antifascista, eram os membros da torcida organizada Fla Antifa, do Flamengo, que participaram das manifestações.

A Polícia Militar do estado usou bombas de gás para dispersar os manifestantes, mas um flagrante da Globo News também mostrou a desigualdade de tratamento. Um manifestante desarmado e descalço, que estava em frente ao Palácio Guanabara e participava de um ato “Vidas negras importam”, teve um fuzil apontado para sua cabeça pela PM.

Brasília

Apoiadores de Bolsonaro também fizeram uma manifestação na manhã do domingo na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, contra o STF e o Congresso Nacional.

Bolsonaro sobrevoou o ato, depois se aproximou sem máscaras e até segurou um criança no colo.

Imagens transmitidas por vários telejornais mostraram que ele ainda andou a cavalo durante a manifestação e ficou por cerca de 25 minutos no local e dirigiu-se ao Palácio do Planalto, antes de retornar ao Palácio da Alvorada.

Ele não comentou em nenhum momento sobre mortes e casos de covid-19 no país, que só tem aumentado.

Outras capitais

Em Belo Horizonte também atos a favor e contra Bolsonaro. Torcedores de clubes mineiros e membros de grupos “antifacistas” se manifestaram contra o governo Bolsonaro caminhando pela capital mineira com cartazes que carregavam os dizeres “Fora Bolsonaro”.

Já os apoiadores de presidente percorreram as principais avenidas da cidade de carro, fazendo um buzinaço e carregando bandeiras do país. O grupo também gritava palavras de ordem contra o STF (Supremo Tribunal Federal).

Em Porto Alegre, pelo terceiro domingo consecutivo, o Centro Histórico da capital gaúcha  foi palco de uma manifestação em defesa da democracia, contra o fascismo e o governo de Jair Bolsonaro. Os atos vêm ocorrendo na rua dos Andradas, perto da rua General Bento Martins, onde está sediado o Comando Militar do Sul, que se tornou um centro de peregrinação para apoiadores de Bolsonaro que defendem um golpe militar no país, segundo o Portal Sul21.

Movimento 70% contra Bolsonaro cresce nas redes

Durante todo o fim de semana, um movimento chamado “70% contra Bolsonaro” cresceu nas redes, se referindo a maioria da população que é contra o governo.

O movimento ganhou até famosos como adeptos e foi um dos assuntos mais falado no Twitter este fim de semana.  “Somos 70% contra Bolsonaro” procura mostrar que os apoiadores de Bolsonaro são minoria.

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